Cardeal Müller descobre nova função para a CDF sob Francisco

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14 Abril 2015

Em entrevista ao jornal La Croix nesta semana, o Cardeal Gerhard Müller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé – CDF, sugeriu uma nova área de trabalho para o Santo Ofício: a arquitetura teológica. Perguntou-se ao cardeal como ele via o seu papel sob o comando do Papa Francisco, em particular pelo fato de que Bento XVI é teólogo. “A chegada de um teólogo como Bento XVI na cátedra de São Pedro foi, sem dúvida, uma exceção”, respondeu Müller. “Mas João XXIII não era um teólogo profissional. O Papa Francisco é também mais pastoral e a nossa missão, na Congregação para a Doutrina da Fé, é fornecer a estrutura teológica de um pontificado”. Se é assim a forma como o cardeal vê o seu papel, isto pode explicar por que ele tem dado mais entrevistas do que qualquer outro dos seus predecessores, segundo Andrea Tornielli do jornal La Stampa

A reportagem é de Grant Gallicho, publicada por Commonweal, 10-04-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

Claro que, como observa Tornielli, fornecer a “estrutura teológica” de um pontificado nunca fez parte da descrição do trabalho da CDF. “O dever da Congregação para a Doutrina da Fé é promover e salvaguardar a doutrina sobre a fé e a moral de todo o mundo católico”, como escreveu João Paulo II na Pastor bonus, a constituição apostólica sobre a Cúria Romana. Sob o pontificado de Paulo VI, Tornielli lembra os leitores, a CDF era administrada pelo papa. Isto porque ele é o “pastor supremo e mestre de todos os fiéis”, como diz o Direito Canônico. Em outras palavras, o trabalho de construção de uma arquitetura teológica para um pontificado finalmente recai sobre um homem: o papa.

Müller diz que o Papa Francisco é “mais pastoral”, aparentemente contrastando-o – além de João XXIII – com o papa mais “teológico” Bento XVI. Até certo ponto o cardeal está correto: Francisco não é teólogo por formação. Ele não trabalhou como professor de teologia. Não produziu obras de teologia acadêmica. Mas, evidentemente, a teologia acadêmica não é o único tipo de teologia. Com certeza, o cardeal – não totalmente familiarizado com a situação latino-americana – não gostaria de dar a impressão de que a teologia autêntica é, propriamente, aquela praticada no ar rarefeito das faculdades teológicas. Francisco quer que toda a Igreja – desde os programas de teologia às comunidades de base – respire um ar mais denso. Ele quer uma Igreja capaz de ver além dos livros, de sair de si própria e acompanhar os feridos. Isso não é apenas uma preocupação pastoral. É uma preocupação profundamente teológica porque vai ao cerne de como o Papa Francisco compreende a missão da Igreja a que ele serve.